Bem Vindos

Uma alegria e tanto recebê-los aqui. Queremos muito que essa passagem nos surpreenda, assim como a vocês também. Afinal de contas, é a vida... uma sucessão de encontros, mesmo que nestes últimos tempos, virtuais. É a vida, a nossa!

sábado, 31 de julho de 2010

Piada de Sábado...

Carta de uma mãe portuguesa.


Querido filho,
Te escrevo para que saibas que estou viva. Escrevo devagar porque não sei se tu sabes ler rápido. Bom, não vais mais reconhecer a casa quando vieres, porque a gente se mudou.
Finalmente enterramos teu avô. Encontramos o cadáver na mudança, estava no armário desde aquele dia em que ganhou da gente brincando de esconde-esconde.
Hoje tua irmã Julia teve um filho, mas como ainda não sei se e menino ou menina, não posso dizer se você e tio ou tia. Estou preocupada com o cachorro Boby, que insiste em perseguir os carros parados e esta ficando cada vez mais chato. Que achas?
Teu irmão José fechou o carro com a trava e deixou as chaves dentro; teve que ir lá em casa para pegar a chave duplicada e poder tirar todos nos de dentro do carro.
Esta carta te mando por Manolo, que vai amanha para ai. A propósito, será que podes pega-lo no aeroporto? Bom, meu filho, não escrevo o meu endereço porque não o sei. É que a ultima família portuguesa que morava aqui levou os números para não terem que mudar de endereço.
Se encontrares a D. Maria, da um alo de minha parte; caso não a encontres, não precisas dizer nada.

Tua mãe que te ama:
EU

P.S.: Ia te mandar cem escudos, mas já fechei o envelope.

Resposta do filho pródigo

Querida mamãe,
As coisas não vão indo bem, aqui no Brasil. A minha esposa Maria, que alias também e tua nora, ficou adoentada e a levei ao ginecologista. Imediatamente, ele nos perguntou se tínhamos orgasmo. Fomos embora na hora, pois só tínhamos Golden Cross.
Se não bastasse isto, teu filho e um fracassado nos negócios. Primeiramente, comprei um taxi, mas não conseguimos nenhum passageiro. Ainda bem que a Maria estava sempre no banco de trás me consolando. O apoio dela foi fundamental.
Então, fui trabalhar numa loja de carros e fui despedido logo no primeiro dia. Imagine só: para cada Uno vendido, eu dava um Prêmio de presente... e ainda estou sendo processado por furto!
Novamente tentei ser empresário. Abri um parque de diversões e, atendendo ao apelo dos clientes sadomasoquistas, construi um cinema 180 graus...Infelizmente, eles não resistiram e morreram carbonizados. Fecharam o parque e atualmente respondo a um processo por homicídio doloso.
Arrasado, tentei outro emprego, desta vez em uma loja de tecidos na 25 de Marco. As coisas não estavam indo bem e o Sr. Assad me pediu que fizesse uma "queima de estoque". Não entendi, mas ordens são ordens. Queimou o quarteirão inteiro, fui despedido e falaram que a culpa era toda minha, razão pela qual estou respondendo a um processo por tentativa de homicídio e outro por destruição de patrimônio.
Nem ao menos posso me divertir andando de skate. Aqui no Brasil só tem subida, ora pois! Na verdade, o povo daqui e muito estranho. Entrei um dia desses em um elevador de um prédio e o motorista me perguntou em que andar eu iria.........Ai resmunguei "qualquer um", pois já tinha errado de prédio, mesmo...
E, se não bastasse tudo isso, acabei com o pouco dinheiro ao comprar uma caixa de naftalinas para matar as baratas que andam pela minha casa. O problema e que minha pontaria e uma droga e não consegui acertar nenhuma.
Ai eu comecei a jogar e fui conferir o jogo na Supersena; me ocorreu que tinha empatado. Joguei o bilhete fora, ora pois. Será que algum dia eu vou ganhar?
Te escrevo agora da prisão, pois levava Maria para passear e meu furgão foi abordado por um policial que me pediu o documento da besta. Imediatamente, dei meu passaporte. Não é que o guarda me ofendeu? E pediu então o documento da perua, ao que dei o passaporte da Maria. Não é que o tal guarda ficou nervoso e me ordenou que saísse do carro e colocasse as mãos na cabeça... mamãe, juro que não tive culpa se a peruca dele caiu. O homem ficou uma fera!

Um beijo do seu eterno Joaquim Manoel

Fábulas da educação (Paulo Cézar de Souza)

Uma teoria recente, o ciclo de formação humana, inicia-se em 2010 na rede pública. As chamadas turmas seriadas estão perdendo espaço. Isso porque um aluno pode em tese, ter que refazer um ano letivo. Essa prática é desoladora para o discente e cara para o país. No ciclo, não há reprovação, há retenção, ou seja, o educando segue adiante condicionado a recuperar aprendizagens não cumpridas. A partir de 2010, não existirá reprovações nem retenções: haverá progressão automática. Tudo passará a ser subjetivo o que, de forma semelhante às notas, também abre espaço para arbítrios. Etnias, cor, gênero, idade, status social e ocupação profissional são aspectos do subjetivismo que a rigor, podem levar à condescendências e predileções perversas. Essa abordagem valerá para educandos de todos os perfis: para avessos à leitura; plagiadores internautas; optantes da desídia e aos que "curtem" um "recreio" perpétuo. O automatismo das progressões beneficiará alunos que ignoram regras, desagregam turmas, intimidam colegas e ostenta soberba. Felizmente, esses são minorias, outra notável clientela escolar é amistosa e colaborativa.

Chega a ser impressionante a criatividade dos teóricos da educação. Abrem a caixa de pandora e tiram de lá uma fórmula secreta que transcende a lógica e o senso de normalidade. As idéias desses pensadores visionários parecem calcadas em alicerces de vento. Quais seriam, afinal, os problemas associados a essa progressão automática? Provavelmente, uma permissividade completa. A teoria não convence os pares e acaba por criar uma trajetória oblíqua daquela que segue outras instituições quando seus mecanismos internos de funcionamento se mostram imperfeitos.

Muitos provavelmente concordam que o poder das notas criou um sistema educacional arbitrário fazendo alunos refazerem um ano letivo por que não conseguiram dois décimos a mais. Regras assim certamente abriram caminho para truculências e devaneios de falsos poderes professorais. Ainda bem que essa métrica insana ficou confinada no passado. Contudo, nossas mentes mais "humanizadas" estão apontando para um principio também temerário, qual seja, a supressão total das medidas quantitativas. Há uma vasta teoria sobre este assunto, basta dizer que para os teóricos afiliados a essa corrente, os sistemas de medidas destroem a afetividade e geram um ambiente de vaidade e competição. Como alternativa acenam para a bravata de um "mundo fantasticamente lúdico" e "belo". Se a avaliação quantitativa não ia bem reformula-lá era uma opção, no entando, opta-se pelo seu aniquilamento.

Vejamos alguns acontecimentos recentes que coloca a filosofia escolar em rota de colisão com o pensamento civilizatório atual. Avaliações quantitativas medem até samba carnavalesco, o desempenho futebolístico, o mérito dos candidatos nos concursos e a aptidão de profissionais nas empresas. Sistemas de pontos graduam a confiabilidade da economia, enquanto quantidade de votos confere legimitidade ao político. A própria educação quantifica pontos no Saeb, Enem e na Prova Brasil. Na escola avaliar quantitativamente para reter/reprovar se tornou um símbolo de crueldade. A rejeição absoluta das notas se apresenta como a mais recente quimera da educação.

* PAULO CÉZAR DE SOUZA é mestre em economia, gestor governamental e educador da rede estadual

cezar.paulo@ig.com.br


publicado em 8/11/2009 no jornal DIÁRIO DE CUIABÁ - MT

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Série: Poetas na Educação - Rubem Alves

"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."
Rubem Alves

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fragmentos...

"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca."
Eduardo Galeano.