Bem Vindos

Uma alegria e tanto recebê-los aqui. Queremos muito que essa passagem nos surpreenda, assim como a vocês também. Afinal de contas, é a vida... uma sucessão de encontros, mesmo que nestes últimos tempos, virtuais. É a vida, a nossa!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crianças tinhosas

Se você quer celebrar o Dia das Crianças com todos os clichês das propagandas da tevê e slongans de shopping, este texto não é para você.
Não me levem a mal. Apesar de não concordar com a obrigatoriedade dos presentes, esta é a data comercial com a qual mais simpatizo, porque faz os homenageados sinceramente felizes. Mas mesmo assim não acredito que todos estes discursos sobre a infância façam sentido.
Longe dos arquétipos que as tornam quase divinas, crianças têm raiva, ciúme, inveja. Mentem, manipulam. Afinal, são humanos, só que na fase inicial da vida. E isso faz toda a diferença.
Mesmo com todas as pequenezas do nosso ser, crianças são seres humaninhos. Mas com pouca experiência. A tal pureza das crianças vem do pequeno intervalo de tempo durante o qual foram expostas a contaminação do mundo que as cerca.
Quando querem algo ou se alguma coisa as incomoda, os sinais são claros. O medo do escuro, o xixi na cama, o desenho rabiscado, o choro,
Elas refletem o meio. Refletem o adulto no qual se espelham. A formação do seu caráter depende daqueles que a influenciam. Têm uma vontade imensa de ser amadas. Mas são seres com personalidade, desejos e talentos próprios.
Crianças nos surpreendem com suas conclusões tão lúcidas. Resultado dos raciocínios mais simples e limpos de vícios. “Se você me ama você não me machuca”, pensa uma criança que estava tranqüila brincando quando é agredida pelo pai. E esta mesma criança, quando desobedece todas as regras para chamar atenção e é ignorada, pensa: “se você me amasse, brigaria comigo”. Simples assim, mas ao mesmo tempo complicada como qualquer humano.
As perguntas infantis são tão difíceis de responder porque carregam as dúvidas mais eternas. Elas nos fazem pensar no que está sempre à nossa frente mas nem sempre queremos ver.
Na voz das crianças, eu te amo é mais verdadeiro. E chocam mais as palavras duras.
Talvez o que mais nos encante não seja a inocência, porque nem sempre são inocentes. Nem a doçura, porque nem sempre são doces. Mas a vontade de viver, que desde os primeiros momentos faz com que agarrem o peito e suguem a vida, mesmo sendo um dos mamíferos mais indefesos ao nascer. A força com que nos abraçam e encaram o desconhecido. A coragem com que enfrentam coisas que nem o mais forte dos adultos é capaz de lidar. E sobrevivem. Sobrevivemos.
São tinhosas estas crianças.

Postado por Mônica Torres.
Os dilemas femininos modernos, sem caretice ou fórmulas prontas feministas, descritos pela editora-assistente do caderno de Lazer do Santa, Mônica Torres.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleições 2010. orgulho? porque?

Quando um político diz ter orgulho de poder fazer o bem para as pessoas de caminhar lado a lado por vários mandatos colaborando para a vida da população,será que eles dizem apenas para conquistar a confiança dos menos esclarecidos ,ou realmente acreditam estar dando o melhor de si
Hoje vejo a violência crescer cada vez mais ,estamos vivendo sob cárcere privado.Saímos e não temos a certeza de voltar aos nossos lares.
A dependência química crescendo e chegando as mãos de nossos adolescentes cada vez mais cedo
a saúde ainda esta muito precária ,chega-se a esperar meses em uma fila para uma simples consulta.Onde e quando um câncer pode esperar pra ser tratado?
Nossa educação...Essa coitada!!Vejo a cada dia educadores deixando sua profissão
Pois como viver com míseros R$600,OO,se o salário mínimo é de R$510,00.E um educador tem menos importância que um medico ou um advogado?Porque não dar o devido reconhecimento a quem faz tanto por nosso país.O material didático é quase todo doado pelo governo mais daqui a pouco não teremos quem ensine nossas crianças a manuseá-los .
Então sinto muito,e me envergonharia dizer que estou a vários mandatos no poder sendo que há tanto por fazer ,e não me exaltaria com o que fiz,mais me preocuparia em deixar claro as propostas do que farei daqui pra frente.
Pense bem nossos políticos,hoje estão ai e amanhã vão querer voltar,acho que o poder está em nossas mãos.

Carmen in http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=153256#ixzz119Ku2VfF
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eleições 2010: Um slogan de última hora

Nesta reta final da campanha, existe a impressão de que tudo já está resolvido, o voto já está decidido e o eleitor que tinha para ser conquistado ou já foi ou está com o candidato adversário. Os slogans já estão consolidados... epa, estão mesmo? Há quem acredite que ainda dá tempo de virar o jogo e talvez um slogan novo ainda possa atrair os votos que estão faltando para se chegar ao segundo turno. É o que parece pensar a campanha de Fernando Peregrino que, esta semana, lançou um novo jargão: “Nem um, nem outro... Peregriiiiino”.
Não é dos mais criativos. E, além de tudo, deixa claro que, pelo menos, dois candidatos adversários, Sergio Cabral e Fernando Gabeira, são mais populares. Gabeira, por sinal, já há um bom tempo vem usando um slogan forte: “Em que mundo você vive? O da propaganda do governo ou na vida real?” É como ele sempre encerra o programa em que faz críticas ao legado do atual governador. Critica as UPAs, critica a educação... Gabeira só não critica o grande cabo eleitoral desta campanha: as UPPs. Dessas, é melhor não falar mal para não perder votos. Talvez por isso, sabendo que volta e meia seu programa falaria das UPPs, a campanha de Cabral não investiu num slogan forte. Vamos combinar que “Estamos juntos” não chega a ser exatamente um apelo eleitoral.
Neste capítulo, o PSTU continua imbatível. Agora, na campanha de Cyro Garcia, “Não há capitalismo sem racismo” veio juntar-se ao famoso “Contra burguês, vote 16”. Não deve trazer um só voto a mais para o candidato, mas é divertido.

Os cachorros invadiram o horário eleitoral. Depois da candidata Branquinha, do PT, exibir seu cão maltês, agora é a candidata Lucia Frota, do PSDB, quem, ao lado do marido, o ator Claudio Cavalcanti, pede votos trazendo no colo os cachorros que tem em casa. Talvez exista uma segunda leitura aí.

Ontem não teve campanha do PCO para presidente. O PSDB ganhou direito de resposta para rebater acusações de trabalho escravo na Petrobras.

Jorge Picciani demorou mas conseguiu pôr Lula em sua campanha. É verdade que o presidente aparece ao lado do candidato a senador pelo PMDB num vídeo de 2002. É velho, mas não deixa de ser apoio. Assim, Lula conseguiu o prodígio de apoiar três candidatos do Rio de Janeiro _ os outros são Lindberg do PT e Crivella do PRB _ numa eleição que só tem vaga para dois. Se bem que pra Lula, que está aparecendo no programa até na campanha para deputado estadual (ele surge de repente gritando “Vote Janô”), não faz a menor diferença.

Blog do Artur Xexéo, 17/09/2010.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pesquisa mostra que aumenta a escolarização dos brasileiros .

A escolarização dos brasileiros aumentou. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta quarta-feira, 8, mostram que a proporção de pessoas que tinham pelo menos 11 anos de estudo subiu de 25,9% em 2004 para 33% em 2009, e que 97,6% das crianças de 6 a 14 anos estão na escola.

O maior crescimento na taxa de escolarização – percentual dos que frequentam a escola – se deu entre as crianças de 4 e 5 anos e os jovens de 15 a 17. Entre as crianças daquela faixa etária, 86,9% estão na escola, o que representa aumento em relação a 2008, quando a taxa era de 76,2%. Já entre aos adolescentes de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização em 2009 ficou em 90,6%. Em 2008, era de 84,5%.

“A educação brasileira ainda está longe da ideal, mas nunca esteve tão bem”, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, os números da Pnad são coincidentes com as estimativas do Ministério da Educação. “Se a tendência for mantida, a meta de universalizar o ensino dos quatro aos 17 anos até 2016 será alcançada.” No fim de 2009, foi aprovada a Emenda Constitucional 59, que estabelece o fim gradual da desvinculação das Receitas da União (DRU) para a educação e a ampliação do ensino obrigatório e gratuito a todas as etapas da educação básica.

Analfabetismo – A taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos de idade ou mais caiu de 11,5% em 2004 para 9,7% em 2009, sendo que o analfabetismo funcional, para essa mesma faixa etária, foi de 24,4% para 20,3%. O Nordeste teve o maior índice de redução da taxa de analfabetismo, de 22,4% para 18,7% no mesmo período.

De acordo com a meta estabelecida pela Conferência Mundial de Educação de Dacar, em 2000, os países comprometidos devem melhorar a taxa de alfabetização em 50% até 2015. O Brasil deve alcançar 6,7% de taxa de analfabetismo. “A meta é factível, mas vamos ter que fazer esforço adicional para alcançá-la. Para isso, é preciso continuar apostando no regime de colaboração entre União, estados e municípios”, disse Haddad.

Escolaridade dos trabalhadores – Em 2009, 43,1% da população ocupada tinham pelo menos o ensino médio completo, frente aos 33,6% em 2004. Aqueles com nível superior completo representavam 11,1% do total; em 2004, era 8,1%. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, os percentuais de pessoas ocupadas com pelo menos o ensino médio ultrapassaram 40% em 2009.

Na visão de Haddad, a demanda por mão-de-obra qualificada deve aumentar. Por isso, segundo o ministro, a expansão da educação profissional e da superior ainda deve pautar as políticas públicas. “A demanda da sociedade moderna é por mais formação. O Brasil tem almejado deixar de ter desenvolvimento mediano.”
A mostra da Pnad 2009 foi de 399.387 pessoas em 153.837 domicílios em todo o país.

Assessoria de Comunicação do MEC.

No Brasil, erradicar o analfabetismo é tarefa da natureza, não da educação.

Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam uma informação já conhecida: na área de educação, o Brasil ainda tem o grande desafio de erradicar o analfabetismo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad 2009, 9,7% das pessoas com 15 anos ou mais não sabia ler ou escrever - o que corresponde a 14,1 milhões de brasileiros. Em relação ao ano anterior, quando a taxa foi estimada em 10%, houve redução de apenas 1% - só 0,3 ponto porcentual. De 2004 para 2009, a cifra caiu 1,8 ponto porcentual.

O índice coloca o Brasil em 11º lugar no ranking da analfabetismo da América do Sul. Segundo dados da Unesco, o país estaria na frente apenas de Peru (10,4%) e Guiana Francesa (13%). Nações como Guiana (1%), Uruguai (2,1%) e Argentina (2,4%) lideram a lista, com índices bem inferiores aos brasileiros.

A taxa elevada de analfabetismo assusta. Pior: a velocidade com que ela é reduzida não é animadora, de acordo com Cláudio de Moura Castro, especialista em educação e colunista de VEJA. "O analfabetismo brasileiro está concentrado na população mais velha, e parte dessa população morre a cada ano: por isso, a taxa diminui pouco a pouco, lentamente, e a evolução vem mantendo o mesmo ritmo de queda", diz.

O especialista questiona, assim, o sucesso da própria política educional em seu objetivo de erradicar o analfabetismo. "Hoje, temos programas de alfabetização para jovens e adultos, mas eles têm um impacto muito pequeno nessas estatísticas, não podem ser apontados como responsáveis pela queda do número de iletrados", afirma. Por essa razão, alerta o especialista, extinguir o analfabetismo será uma tarefa da natureza, a ser realizada por meio do óbito das parcelas mais velhas da população.

Outro dado também deve ser levado em conta: como quase 100% das crianças na escola, apenas uma parcela muito pequena dos jovens hoje é considerada analfabeta. Contudo, o fato de estarem na escola não garante uma alfabetização completa. Segundo dados do próprio Pnad, a taxa de analfabetismo funcional entre pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 20,3% - 0,7 ponto porcentual menor do que a verificada em 2008 e 4,1 pontos porcentuais menor do que a de 2004. Essas pessoas não frequentaram a escola por mais de quatro anos.

Segmentação - A maior concentração de analfabetos ocorre entre os brasileiros que têm 25 anos ou mais: 92,6% deles estão nesse grupo. Entre as pessoas que têm 50 anos ou mais, a taxa chega a 21%. "Essa é uma parte da população que não teve condições de se educar e que hoje ainda tem dificuldade para deixar esta condição", afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente de integração da Pnad.

O Nordeste é a região que apresenta a maior concentração de iletrados do país, com 18,7%. Já o Sudeste, tem a menor taxa: apenas 5,5%, ou 4,7 pontos porcentuais a menos que a média nacional.

Veja Online, 08/09/2010.

sábado, 4 de setembro de 2010

Piada de Sábado: Presente para a Professora

Último dia de aula, os alunos resolvem presentear a professora.
O filho do dono de uma doceria entrega-lhe uma caixa. Ela dá uma sacudidinha:
- São bombons?
- Acertou, professora!
A filha do dono da livraria entrega-lhe o seu embrulho.
- Esse está pesado. Acho que é um livro...
- Acertou, professora!
O filho do dono do bar entrega-lhe o seu presente. Ela nota um pequeno vazamento na embalagem, passa o dedo, apanha uma gota, experimenta e arrisca:
- É um vinho?
- Não, professora.
Ela experimenta mais uma gota.
- É um uísque?
- Também, não...
- Desisto! O que você me deu?
E o menino:
- Um cachorrinho...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desafios Brasileiros: Ensino Público

Os Presidenciáveis e a Educação.
Conheça as propostas dos principais candidatos para melhorar a qualidade do ensino público no Brasil.

Durante esta semana, VEJA.com publicou uma série de reportagens sobre os desafios na área de educação. Como aconteceu nas semanas anteriores, em que foram abordados os temas O tamanho do estado, Segurança pública e Preservação e desenvolvimento, encerramos o ciclo apresentando as propostas dos principais candidatos à Presidência relativos ao assunto.

A reportagem procurou as campanhas de Marina Silva (PV), José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) para saber o que pensam os candidatos a respeito do tema. Marina e Dilma enviaram suas propostas. As ideias José Serra foram compiladas a partir de declarações públicas do tucano e de seu programa de governo.

A prioridade de Dilma são os professores: a petista quer que a formação universitária seja um pré-requisito obrigatório para os profissionais que pretendem se tornar docentes do ensino fundamental e médio. Suas propostas de programa incluem ainda uma nova política salarial para os docentes, pela qual o atual piso de 1.024 reais sofreria seguidos reajustes - a campanha não informa, porém, de quanto seria o aumento. Dilma afirma ainda que construirá 6.000 creches em todo o país.

O texto de Marina defende uma maior articulação entre União, estados e municípios para garantir uma melhor gestão de recursos e responsabilidades. A candidata do PV defende a ampliação dos investimento na área da educação. No último debate presidencial, realizado na segunda-feira, em São Paulo, Marina prometeu destinar até 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a pasta. Como Dilma, ela defende a criação de vagas nas creches de todo o Brasil, além da implementação de uma educação em tempo integral.

Uma das principais bandeiras de José Serra é o incentivo ao ensino técnico. O candidato defende a criação de um milhão de vagas em todo o país, além do lançamento do Protec, versão para o ensino técnico do Programa Universidade Para Todos (ProUni) - pelo qual o governo federal subsidia a graduação de estudantes pobres em instituições particulares. Serra promete ainda reforçar o aprendizado na sala de aula, começando por colocar dois professores por turma desde a primeira série do ensino fundamental.

A Violência na Escola é Violência Contra a Escola

(*)Paulo Monteiro

Como uma infecção generalizada a violência espalha-se pela sociedade, independentemente de classe social, nível cultural ou local de moradia. Sentimo-nos impotentes diante da proliferação da violência.
Os atos violentos contra a vida e o patrimônio aterrorizam as comunidades escolares. Os atentados não mais se restringem a ações isoladas de indivíduos degenerados, agora aparecem verdadeiras comunidades anormais atentando contra tudo e contra todos.
Há tempos cientistas que se dedicaram a estudar a origem da violência concluíram que está ligada ao complexo de inferioridade. O complexo de inferioridade é a forma ilusória, simbólica, assumida pela impossibilidade de superar o mais forte. Historicamente, adolescentes e jovens sempre manifestaram sua inferioridade diante da hegemonia dos mais velhos.
Toda e qualquer hegemonia, nas sociedades civilizadas, se manifesta através do Estado. Toda a contestação juvenil tem sido dirigida contra o Estado.
Recebemos, diariamente, uma carga enorme de notícias sobre corrupção em todos os níveis estatais, da prefeitura do calcanhar-do-judas aos magistrados supremos da Nação. Enquanto os presídios estão cheios de ladrões de quinquilharias, saqueadores dos cofres públicos são mantidos em liberdade. A impressão que o cidadão comum adquire é a de que é livre roubar e dilapidar o patrimônio público.
Ensinaram-nos que podemos mudar pelo voto e continuamos sob a hegemonia de ladrões da coisa pública. A incapacidade da política do voto para administrar o Estado – seguindo a clássica lição de Clauseritz – continuará através da guerra social, da violência generalizada.
A popularização do ensino espalhou escolas pelo país. Em cada uma delas e em cada professor ou funcionário está a presença física do Estado. Postado ostensivamente diante dos cidadãos um templo erguido em honra dos ladrões impedidos de condução sob algemas para os presídios, agora reservados aos deserdados da Lei.
A violência na escola é uma violência contra a escola. É um ataque de morte contra o Estado corrupto e corruptor. Impossibilitados de espancar os criminosos do colarinho branco espancam professores e funcionários de escola. Em cada escola arrombada e depredada o que vemos é a extravasão do complexo de inferioridade diante da corrupção nos altos escalões do serviço público.
A violência na escola é uma violência contra a Escola, porque é a manifestação visível contra um Estado, que transformou em regra os versos de uma canção gravada por Pedro Ortaça: “Ladrão é quem rouba pouco; quem rouba muito é barão”.

(*) Poeta, historiador e presidente da Academia Passo-Fundense de Letras.

domingo, 29 de agosto de 2010

Piada de Sábado no Domingo... Vamos repartir o pão.

Ainda durante a aula ele estava sonhando com o x-salada da padaria, era uma delicía. O pessoal caprichava, colocava uma maionese gostosa, o hamburguer bem passado, uns alfaces bem firmes, rodelas de tomate e, ainda para arrematar ele sempre pedia para colocar umas fatias de bacon. Hummm! Ele não via a hora de detonar o sanduba.
Sorte que ele tinha o dinheiro para comprar, o dinheiro era a quantia exata, o preço certinho do sanduba. Graças a Deus, Graças a Deus, ele pensava assim.
Chegou na padaria e foi logo pedindo o desejado x-salada. O balconista foi rapidinho preparar. Não demorou muito e já estava pronto. Colocou sobre o balcão e ....
Tocou o celular!
- Alô! Alô! Quem é? Quem? Clara, só um instante Clarinha. Como a ligação estava ruim, com um sinal muito fraco ele virou prá cá, virou prá lá para arrumar a melhor posição para ouvir e não conseguiu nada. Foi até lá fora para responder rapidamente a ligação pois era uma ligação que ele estava esperando.
Depois de falar com a namorada ele voltou para o balcão para detonar o maravilhoso x-salada e, Cadê o sanduba?
- Cadê o meu x-salada? Disse ele para o atendente.
- Senhor, eu coloquei aqui o senhor viu que eu coloquei aqui.
-É! Eu vi, você deixou ele aqui, mas cadê ele?
- Eu não sei senhor, infelizmente não sei onde ele foi parar. O senhor não comeu ele não?
- Não! Não comi não. E o pior, eu não sei onde ele está eu tive que sair só um instantinho e o sanduba sumiu.
- Caraca! o sanduba saiu voando. Mas como eu não tenho mais dinheiro...Me vê uma coca por favor.
Ao sair da padaria ele vê um morador de rua que sempre ficava do lado de fora da padaria saboreando, de lamber os dedos e os beiços, o delicioso x-salada dele.

Edilson Rodrigues Silva

Desafios Brasileiros: Ensino Público

'Quem precisa de escola em tempo integral no Brasil é professor, não aluno'

Diretora da Escola Brasileira de Professores, que se dedica à educação inicial e continuada de docentes do ensino básico, Guiomar Namo de Mello está, é claro, preocupada com a formação dos mestres no Brasil. Contudo, ela não engrossa o coro daqueles que acreditam que a saída para o problema está em oferecer melhores salários. “Se você me perguntasse se o professor ganha mal, eu diria que sim. Mas para o que alguns fazem, é muito”, diz. Para a especialista, mais do que maiores vencimentos, os docentes precisam de melhor formação: saídos de escolas públicas ruins, apenas espalham seu desconhecimento aos alunos. “A formação do professor é uma questão estruturante. Sem ela, nenhuma melhora é possível”, sentencia Guiomar. Aperfeiçoar a formação dos docentes e coordenar as ações de estados e municípios que quiserem promover reformas na área - ambas tarefas do governo federal - serão desafios do presidente que o país elegerá neste ano. Confirma a seguir os principais trechos da entrevista com a educadora.

A senhora costuma afirmar que, até o início dos anos 90, a educação não fazia parte da agenda estratégia dos governos. Hoje, ela já está entre as prioridades?
Os setores mais bem informados da sociedade se deram conta de que a educação é urgente em termos de desenvolvimento sustentável. Por isso, acredito que haja uma pressão maior por parte da população. No entanto, a educação vem sempre carregada de visões imediatistas e às vezes extremamente pessoais dos governantes. Na política, a educação está facilmente sujeita a uma certa pirotecnia, ou seja, os governos e os políticos em geral querem sempre faturar mais com o menor custo possível. E, assim, faltam foco e prioridade. Faltam medidas que se dirijam a questões estruturantes da educação.

Quais são essas questões?
A qualidade da formação do professor, por exemplo, é uma questão estruturante. Sem ela, nenhuma melhoria é possível. E há pouca disponibilidade para atacar esse problema. É preciso mudar completamente os sistema de formação de professores, que ficou refém de um ensino superior. Mas não há disposição de se investir política e financeiramente para atrair os melhores para a carreira de professor.

O que fazer para formar um bom professor?
É preciso enfrentar os cursos de pedagogia, mas não vejo nenhum político se referindo a isso. Também temos que formar o professor em tempo integral, porque eles estão saindo do ensino médio analfabetos e chegam ao ensino superior para reproduzir a sua ignorância. Depois, vão para a escola pública e repetem o círculo vicioso da ignorância. Então, quem precisa de escola em tempo integral no Brasil é professor, não aluno. Nosso professor sai da escola pública: depois de uma formação deficitária no ensino superior particular, onde ele pode dar aula? No ensino público, de onde saiu. E ainda tem quem diga que é ele o culpado pela má qualidade do ensino. Ele não é culpado, mas apenas uma peça dessa engrenagem. Para enfrentar esse problema é preciso vontade política e recursos financeiros para investir na formação do professor. Se estivéssemos dispostos a fazer isso, poderíamos ter um ensino de qualidade.

No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2008, apenas 2,7% dos cursos de pedagogia alcançaram a nota máxima, igual a 5. O que precisa mudar no currículo dessas instituições?
Precisamos de um currículo onde o futuro professor não estude só a teoria. Ele precisa conhecer a prática desde o primeiro dia, como os médicos. O modelo de formação clínica é o melhor modelo para o professor. Ele não precisa estudar os recônditos da pedagogia. Ele precisa aprender como se ensina e como o aluno aprende. O professor é um artesão, ele não é um grande criador. Da mesma forma que o médico não é um criador. Ele tem que ser um excelente aplicador de conhecimento. A sala de aula é o foco e a referência do trabalho dele.

O currículo escolar praticado hoje é outra questão estruturante?
Sim. Hoje temos um ensino enciclopédico e precisamos acabar com essa crença. Precisamos saber para que finalidade queremos educar os jovens. Temos que educá-los para sobreviver em um mundo cada vez mais complicado, em que a informação está disponível para todos. Para isso, você precisa desenvolver competências que são básicas: saber falar, pensar, usar a linguagem, aplicar o conhecimento adquirido para entender o mundo ao seu redor. É preciso um ensino mais relevante. Ou a gente atende a esses desafios ou não melhoramos o ensino.

Muitos especialistas apontam que o salário do professor é um empecilho para o avanço da educação no Brasil. Como a senhora enxerga essa questão?
A remuneração é um fator a ser revisto. O salário precisa melhorar, mas só isso não resolve o problema. O aumento do salário tem que ser uma decorrência do aumento da responsabilidade do professor e do mérito. Se você me perguntasse se o professor ganha mal, eu diria que sim. Mas para o que alguns professores fazem, é muito. E para o que outros fazem, é pouquíssimo. Para corrigir isso, precisamos de mecanismos para diferenciar um do outro. O que não pode é aumentar o salário de todos.

A meritocracia é uma saída para isso?
A ainda que seja uma única medida, ela é interessante e pode fazer a diferença em São Paulo, onde foi aplicada. Porque se o professor quiser progredir só pelo tempo de trabalho - como normalmente ocorre - o salário dele aumenta em um determinado ritmo. Mas se ele quiser fazer um concurso sobre o conteúdo que ele ensina, ele pode ter um aumento substancial e buscar um atalho na carreira. Ele começa a ganhar mais antes do tempo previsto. Acredito que são esses os mecanismos que atraem os profissionais. Porém, é preciso lembrar que na educação não existe uma única saída. A solução tem que mexer em diferentes fatores. Sozinha a meritocracia não resolve muito. Por mais que incentive o professor, se ele não sabe como ensinar, ele precisa aprender.

Qual o maior desafio na área da educação que o próximo presidente, a ser eleito neste ano, deverá enfrentar?
A questão do professor talvez seja o abacaxi mais complicado para descascar, em todos esses aspectos. O presidente da República manda no ensino superior. E é no ensino superior que está o problema do professor. Não adianta desconversar. A questão da formação do professor é responsabilidade do Ministério da Educação – seja no ensino superior público federal ou nas faculdade e universidades particulares, que são autorizadas e supervisionadas pelo governo. Portanto não dá para se esquivar. Também precisamos lembrar que o governo federal não é o gestor do ensino básico no Brasil. Gestores são estados e municípios. Cabe ao governo federal liderar e coordenar políticas para estados e municípios que queiram promover reformas. E para isso é preciso haver um grande pacto federativo da educação. O presidente eleito precisa usar o respaldo que ganhará nas urnas para chamar estados e municípios e equacionar os problemas mais estruturantes da educação. É importante estabelecer um pacto federativo.

Veja Online, 17/08/2010.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Direitos e deveres

Muito se ouve falar a respeito dos direitos do cidadão. Nunca os direitos foram tão exaltados como nos últimos tempos.

Criam-se códigos e códigos, estabelecendo os mais variados direitos das criaturas. Tanto o consumidor quanto a criança e o adolescente têm seus direitos assegurados por lei.

A imprensa nunca teve tanta liberdade de expressão como na atualidade.

Isso demonstra um grande progresso, não há dúvida.

Todavia, não podemos esquecer que ao lado de qualquer direito, há também um dever.

Ambos devem andar sempre juntos para serem legítimos.

Mas o que, infelizmente, vem ocorrendo, é que cada um só reclama seus direitos, relegando os deveres ao esquecimento.

O fornecedor que é também, sem dúvida, consumidor, será que pensa como tal nos direitos dos outros quando elabora seus produtos?

Ou será que só se lembra dos direitos do consumidor na hora de reclamar os seus direitos?

A criança e o adolescente, será que são alertados de que também têm deveres para com a sociedade em que vivem?

Há cidadãos que gritam alto pelos direitos de protestar, de fazer greve. Alegam que a greve é um instrumento legítimo para quem quer ver seus direitos respeitados.

Todavia, o que não levam em conta tais cidadão, é o direito das outras pessoas.

A greve será um instrumento legítimo sempre que, com esse ato, não se esteja desrespeitando o direito dos outros.

Se desrespeitar, por mais justa que seja a discussão, a greve já não será legítima.

Poderá até ser legal, mas não será honesta. Não podemos desejar, como pessoas lúcidas que pretendemos ser, que o nosso direito afronte o direito do nosso semelhante.

Quando estamos discutindo com o patrão por causa do salário, por exemplo, é um direito que temos, e é um dever do patrão pagar-nos o que nos seja devido, mas a comunidade à qual servimos não tem que pagar o preço da nossa contenda.

Se o médico deixa de atender aos doentes, não é o patrão que ele está afrontando.

Passa a dever à comunidade, por que fez juramento de salvar vidas, e não de salvar vidas quando ganhasse bem.

Se o professor deixa centenas de crianças analfabetas, está faltando com o sentimento de fraternidade e com o dever assumido perante a própria consciência.

O chofer ou o cobrador não devem, em nome do seu direito, deixar toda uma comunidade sem condução, quando sabem que os trabalhadores que dela dependem terão descontados os dias faltados, porque, em tese, o patrão não vai querer saber se há greve ou não.

As pessoas comuns precisam poder ir e vir, já que os mais abastados não viajam nos coletivos.

Assim, se estamos nos sentindo acossados pelos baixos salários, violentado pelos maus tratos profissionais, ou se temos qualquer outra dificuldade a acertar em termos funcionais, a nossa pendência será com o patrão, seja ele o Governo, seja o empresário da iniciativa privada. Jamais o povo, já demasiadamente desrespeitado, humilhado, desconsiderado.

***

O dever principia sempre, para cada um de nós, do ponto em que ameaçamos a felicidade ou a tranqüilidade do nosso próximo e acaba no limite que não desejamos que ninguém transponha com relação a nós.

Autor:
(Pergunta 111 do livro: Ante o Vigor do Espiritismo, ed. Fráter Livros Espíritas.)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dias Ruins... Só Veríssimo pra ajudar!!!

Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
a coragem para mudar as coisas que não posso aceitar
e a sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas que eu tive que matar por estarem me enchendo o saco.

Também, me ajude a ser cuidadoso com os calos em que piso hoje, pois
eles podem estar conectados aos sacos que terei que puxar amanhã.

Ajude-me, sempre, a dar 100% no meu trabalho...
- 12% na segunda-feira,
- 23% na terça-feira,
- 40% na quarta-feira,
- 20% na quinta-feira,
- 5% na sexta-feira.

E... Ajude-me sempre a lembrar,
quando estiver tendo um dia realmente ruim e todos parecerem estar me enchendo o saco,
que são necessários 42 músculos para socar alguém e apenas 4 para estender meu dedo médio e mandá-lo para aquele lugar...

Que assim seja!!!

Viva todos os dias de sua vida como se fosse o último.
Um dia, você acerta.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reforço Escolar...

Atualmente, vivencio uma experiência de Reforço Escolar, a qual ocorre quinzenalmente, direcionada para alunos com dificuldades de aprendizagem. O educador e a assessoria pedagógica listam as crianças e as dificuldades apresentadas por elas; encaminhamos a circular de rotina informando à família que o aluno necessita fazer parte na referida data. Os pais já sabem do que se trata por já terem sido bem-orientados em relação aos momentos e a sua importância durante o ano.

Estamos constatando que ele realmente funciona. Os alunos que estão frequentando os espaços de apoio paralelo individualizado vêm aumentando o seu desempenho em sala de aula. Já aqueles que não estão fazendo parte da parceria, permanecem com algumas dificuldades.

É importante reavaliar o aluno depois do RE para descobrir se a ação deu certo ou não. Para tanto, é importante fornecer desafios inerentes ao tema que o levou ao Reforço. São necessárias atividades, situações que tratem dos conteúdos para que seja observado o desempenho, não só diante dos temas do Apoio Paralelo Individualizado, mas também do acompanhamento da criança frente aos novos conteúdos vivenciados na turma.

O Reforço Escolar não é uma fórmula, mas um instrumento, um meio para auxiliar o processo educativo. Instrumento, este, que dá certo quando há compreensão do seu significado por todos os envolvidos – quando há compromisso, responsabilidade, vontade, planejamento e parceria.

“Se há dificuldades na aprendizagem, há dificuldades de ensino, há necessidade de Apoio Paralelo, há necessidade de Reforço Escolar”.

Alguns passos para se detectar a necessidade de Reforço Escolar:
O aluno conseguiu assimilar os conteúdos desenvolvidos?
Posso prosseguir com os conteúdos ou o aluno é capaz de conseguir mais?
O objetivo traçado foi alcançado? O que não foi atendido?
O aluno demonstrou segurança de acordo com o grau de integração e participação diante das atividades propostas?
O que você esperava trabalhar com tema? O que esperava do aluno em relação ao tema trabalhado?

Algumas questões relevantes:
Reforçar para quê? Para que quero realizar o Reforço Escolar?
O desejo de realizar o RE é para desenvolver habilidades na criança que até então não foram conseguidas, a fim de que a mesma acompanhe o processo educativo essencial para a sua identificação na condição de aluno-cidadão.

A favor do quê e de quem?
A favor do processo de ensino e aprendizagem – processo que tem como alvo principal o aluno e como mediador-facilitador o professor.
Como realizar o Reforço Escolar (Apoio Paralelo Individualizado)?

Com atividades que instiguem novas descobertas, com materiais diversos, dentre eles recursos visuais e ilustrativos, atividades elaboradas com desafios: textos lacunados (que podem vir com um banco de palavras), listagem, auto-correção, bingos (o aluno marca na cartela a resposta pertinente ao tema em estudo), acróstico (onde o aluno não precisa atender o estilo poético que direcionam os acróstico e, sim, caracterizar o tema em dificuldade), continuando o assunto (o aluno continua o texto sobre Vida de Criança, por exemplo, após explanação e discussão com o educador), oportunidade para o aluno ser reavaliado nas áreas curriculares, Orientação Humana e Língua Portuguesa - coesão textual, argumentação e regras ortográficas. Enfim, o momento de Apoio Paralelo Individualizado, ou seja, Reforço Escolar, deve ser um momento que auxiliem professor e aluno para superação de dificuldades.

Que procedimentos, metodologias e instrumentos utilizar para desenvolver o Reforço Escolar (Apoio Paralelo Individualizado)?
O primeiro passo para estabelecer procedimentos, metodologias, instrumentos é o planejamento das ações. É ser conhecedor do que é preciso trabalhar (que conteúdo(s), como proceder para que o conteúdo seja vivenciado, que recursos serão precisos para incrementar e desenvolver tal conteúdo), já que da forma convencional realizada anteriormente com a turma não foi positiva e como o aluno será reavaliado, como proceder diante das novas respostas obtidas na condição de facilitador da aprendizagem.

Texto de Raylene Rego Braz Andrade Oliveira. Pedagoga pela UPE, especialista em Interdisciplinaridade na Educação Básica e Magistério Superior pela FACINTER. Consultora pedagógica e Orientadora Educacional do CEJA e Assessora Pedagógica do Colégio Máster Junior - Juazeiro BA. Contatos: raylenerego@hotmail.com e www.raylenerego.blogspot.com

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Parceria com empresa melhora nota de escolas públicas.

CIRCE BONATELLI - Agência Estado

A Associação Parceiros da Educação divulgou esta semana o balanço de suas atividades em parceria com escolas da rede pública do Estado de São Paulo em 2009. A entidade trabalha com a mobilização de empresários para subsidiar escolas em que há necessidade de apoio a atividades pedagógicas e estruturais. Segundo balanço da associação, a nota média dos alunos da 1ª a 5ª série do ensino fundamental de escolas parceiras foi 6,3, nota 50% maior que a média geral do País, de 4,2.

Entre alunos da 6ª a 9ª série, a diferença foi de 23,7%, e no ensino médio, de 28,6%. A comparação usou as notas médias das 80 escolas parceiras em 2009, medidas pela Fundação Cesgranrio, e as notas de 2007 das escolas públicas do País, medidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

De acordo com Jair Ribeiro, conselheiro da CPM Braxis e um dos coordenadores da Associação Parceiros da Educação, o avanço se explica pelo desenvolvimento de planos específicos às necessidades de cada escola. As medidas envolvem capacitação de professores, apoio financeiro para reformas e aquisição de material escolar, além de atividades em bibliotecas e salas de informática. Segundo a associação, todas as ações seguem a metodologia de ensino da Secretaria de Educação estadual. "Nós procuramos melhorar o que já existe, não começar tudo de novo", afirmou Ribeiro.

Foi o que aconteceu na Escola Estadual Francisco Brasiliense Fusco, no bairro do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista. A unidade foi "adotada" pelo Grupo ABC, e recebeu uma série de incentivos desde que a parceria começou, em 2005. De acordo com informações da associação, houve a instalação de 51 computadores, construção de uma rádio comunitária, contratação de estagiários para realizar atividades esportivas nos finais de semana e a diretoria recebeu consultoria sobre gestão escolar. "Essa era uma escola onde ninguém queria estudar. Hoje temos uma fila de espera de mais de mil crianças," contou Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, empresa do setor publicitário.

Procuram-se empresários

O dinheiro para essas ações vem de empresas voluntárias. Cada empresário destina, em média, entre R$ 150 mil e R$ 200 mil por ano para a escola que escolheu "adotar". "O programa investe em cada escola o equivalente a 10% do que o Estado gasta", disse Ribeiro. Até agora, 80 escolas paulistas (75 mil alunos) foram beneficiadas pelas parcerias com 52 empresas. A associação procura agora mais empresários para expandir a rede para 160 escolas até o fim de 2010, e chegar a 500 até 2013. "A ideia do programa é potencializar os investimentos do Estado com recursos para completar o que falta. Não assumimos a escola toda. Isso evita que se crie uma dependência pelas doações do empresário," explicou Ribeiro.

A associação defende que, após um período de adoção das escolas pelos empresários, passe a ocorrer a mobilização da comunidade para cuidar do local. "Um dos maiores problemas da educação no Brasil é que 70% da sociedade está satisfeita com a escola pública. Assim não se cria pressão política para melhorar a qualidade do ensino", avaliou Ana Maria Diniz, do conselho do Grupo Pão de Açúcar e uma das coordenadores da associação Parceiros da Educação.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Reprovação escolar? Não, obrigado.

Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto a questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo. Começa pela abordagem errônea de avaliação na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins. Na escola brasileira isso não é considerado. Espera-se um ano inteiro para se perceber que tudo estava errado. Qualquer empresário que assim procedesse estaria falido no primeiro ano de atividade. E mais: em lugar de corrigir os erros, repete-se tudo novamente: a mesma escola, o mesmo aluno, o mesmo professor, os mesmos métodos, o mesmo conteúdo... É por isso que a realidade de nossa escola não é de repetentes, mas de multirrepetentes.
Absurdo semelhante ocorre quando se trata de identificar a origem do fracasso. A atividade pedagógica que se dá na escola supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas, as medidas ministeriais, passando pelas secretarias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, seus auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível etc. etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno. Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Como se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então, serve a escola?
Essa pergunta, aliás, vem bem a propósito da forma equivocada e anti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós. Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do prêmio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da total ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude. Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele, o aluno só estuda para se ver livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade.
Mas defender a retirada da reprovação não significa apoiar “reformas” demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas. Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas reprovações, abandonava a escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar às séries finais do ensino, mas continua quase tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada. Mas o aluno deixa de aprender, não porque foi aprovado, mas porque o ensino é ruim, coisa que vem acontecendo desde muito antes de se adotar a progressão continuada. Apenas que, antes, esse mesmo aluno permanecia na primeira série, ou se evadia, tão ou mais analfabeto que agora. Mas aí era cômodo, porque ele deixava de constituir problema para o sistema de ensino. Agora, com a aprovação, percebe-se a reiterada incompetência da escola.
Só a consciência desse fato deveria bastar como motivo para se eliminar de vez a prática da reprovação no ensino básico: porque ela tem servido de álibi para a secular incompetência da escola que se exime da culpa que é dela e do sistema que a mantém. A reversão dessa situação exige que o elemento que estrutura a escola básica deixe de ser a reprovação para ser o aprendizado. É preciso reprovar, não os alunos, para encobrir o que há de errado no ensino e isentar o Estado de suas responsabilidades, mas as condições de trabalho, que provocam o mau ensino e impedem o alcance de um direito constitucional.



Vitor Henrique Paro é titular em Educação pela Usp. Foi professor titular nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação da Puc-SP e pesquisador sênior da Fundação Carlos Chagas. Atualmente é professor titular no Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da Usp, onde exerce a docência e a pesquisa na graduação e na pós-graduação.


FONTE: http://www.estadao.com.br/artigodoleitor/htm/2002/fev/15/151.htm

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida num instante.

De um momento para o outro a nossa vida muda. Estamos em mudança constante. De um segundo para o outro perdemos pessoas importantes na nossa vida, e por vezes basta um instante para encontrar alguém por quem temos andado a procura a vida toda, e ainda mais um segundo para voltar a perder, para depois conquistar novamente. As mudanças do ciclo de vida são das mais variadas que se pode imaginar. Umas são para melhor. Outras são para pior. Mas todas eles fazem parte da vida. Umas por vezes não custam nada, mudar de estilo, mudar de pensamentos, mudar de emprego. Outras estão rodeiadas de sofrimento. Mudar de pais, mudar de amigos, mudar de amores.
Que acontece quando somos confrontados com estas mudanças e nada podemos fazer para o impedir? Sofremos naturalmente. Mas esse sofrimento fornece a energia necessário para viver. De certo modo sofrer faz com que exista uma vontade de procurar uma situação melhor. E isso implica mais uma mudança. Isto é, na realidade um ciclo vicioso, onde a única forma de o travar é a monotonia. E quem gosta disso? Ninguém. Por isso temos mais é que aceitar estas mudanças. Porque, quer se aceite, quer não, a vida é um instante muito breve onde de um momento para o outro acontece mais uma mudança que não podemos controlar. A morte. A mudança suprema, aquela em que passamos de um mundo para o outro, e não levamos nada conosco, apenas deixamos. Deixamos as recordações com que os vivos ficam de nós, e até essas recordações tem data de validade associada mais uma vez a morte.
Por isso, não devemos tentar fugir as mudanças que cruzam o nosso caminho, mas sim enfrentar cada uma delas com coragem e com a idéia que essa mudança pode ser para melhor.

"A vida são dois dias, o de ontem já passou e o de hoje está a acabar. Amanhã está no incerto. Aproveitam cada nova oportunidade."

Perdas e Ganhos

É difícil lidar com a perda. Além de reafirmar o óbvio, quero dizer que as perdas vem de diferentes maneiras. Existem aquelas irreparáveis, das quais a barreira intransponível entre a vida e a morte ainda não conseguimos burlar, e existem aquelas ocasionadas apenas pelo vai e vem natural dos corpos, universos paralelos, divórcios assinados, cartas de despedida ou simplesmente do silêncio. Essas perdas, além de se materializarem de diferentes maneiras, se apresentam nos mais variados tipos de relacionamentos.

Injusto, esse ir e vir constante, já que independente do grau e condições de temperatura e pressão, cada ser vem e agrega algo em você. Pode ser algo bom ou pode não ser, a questão é que as coisas mudam. E assim, às vezes sem mais nem menos, às vezes bem mais do que menos, nos perdemos e então elas se vão, impedindo-te para sempre de voltar a ser o que era antes.

Pode ser assim, dramático, ou pode passar desapercebido, mas não significa que não aconteça. Entre outras coisas, talvez sejam esses ganhos e essas perdas, esse trânsito humano, que nos faz chegarmos a velhice completamente diferentes do que fomos na juventude.

E, se tivesse que ressaltar um objetivo dessa linha de raciocínio, exposta aqui a julgamentos de valor quanto a breguice e insensatez, seria dizer para você que, apesar de toda abundância de informação que agora flutua na internet, ainda está lendo esse texto, você que possivelmente já perdi por aí, ou talvez de alguma forma faça parte da minha vida, devo dizer que, independente da contabilidade de perdas e ganhos, você é parte constituinte do que sou hoje e do que serei amanhã.

E realmente espero que, mesmo nos perdendo, possamos nos reencontrar por aí.

Texto postado por Anna no Blog "A simples complexidade das coisas"
in memoriam... Profª Tereza Cristina.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Para o início de semana...

E então hoje neste dia, suavemente, sossegadamente, todas as angústias vão embora. Você começa a ler esse post e imagina que suas pálpebras piscam mais vagarosamente, como se alguém as tivesse filmando em slow-motion. Você vê sua vida como um rio que corre e sempre terá o mar. Vê as paisagens bruxelantes ao redor, como se estivesse boiando nesse rio e ainda há muito o que boiar. Ri suavemente dos que tem algum poder e dos que não tem, ri de si mesmo e de sua vida atual. Ri por ser quem é e morar com a mãe, ri por ter vizinhos que quase não conhece, ri da sua tenra idade e das incertezas que lhe cercam. Mas ri de um canto só da boca; não gargalha pois isso lhe seria fatigante e o momento é de bem estar. Ri das coisas inexoráveis, do casamento que vai mal, das coisas todas erradas que lhe aconteceram com seu último par, das contas que vencem e não há como pagar. Indelével, sorri de si e da inveja que nutre por outras pessoas que você sabe que são mais capazes que ti. Respira fundo e encontra uma paz de espírito por saber que tem amigos, familiares, um animal de estimação que lhe causa tantos cuidados e lhe dá tantas satisfações. Lembra de um aniversário seu de tempos passados, quando muitos estavam reunidos por sua causa e lhe ofereciam presentes embrulhados e da satisfação não de os receber - mas de desembrulhá-los. E boiando, peito desnudo, sente o calor do sol e o friozinho da sombra das árvores quando se passa por debaixo delas. E sua vida flui como o rio que terá sempre o mar. E fecha os olhos para as paixões que fustigam demais a mente: o ciúme, a cobiça, a impotência de ser só o que se é. Esquece nesse momento, ato contínuo, os cabelos que não são como gostaria que fossem, as gordurinhas a mais na barriga, os dentes estragados, a alergia desses tempos secos. Tudo passa, tudo passa, e como passa! Lembra de um dia frio em que juntou gravetos e botou fogo e ficou do lado se aquecendo, olhando as chamas que existem e se consomem e já não existem e ainda existem na sua memória. Bruxelantes, como a paisagem à margem do rio. Passadoira, como as árvores à margem do rio. Como as flores à margem do rio que existem e têm perfume e amanhã serão mortas e o perfume não mais existirá a não ser em sua memória. Pensa que colhe-as e as deita sobre teu peito e que o perfume delas suavize esse momento. Momento de esquecer das frivolidades e preocupações e de deixar fluir a vida que sempre terá o mar. E pensa que amanhã serás sombra, uma imagem na memória de alguém pois terás deixado de existir. E que o frio que refresca a vida do outro que te lembra e o perfume das suas palavras estarão na memória dele. E que não tens responsabilidade sobre essa lembrança; não mais que a responsabilidade que tens de existir e de deixar fluir a vida esquecendo-te de tudo aquilo que não merece ser lembrado. Abstrai. Lembra que sob as árvores que passam, existem formigas que não vês. Reza pelas formigas. Quem pode dizer que elas não rezam por ti?

Depois de uma discussão, pode bem você baixar a cabeça e dizer para quem está ao teu lado: perdoa! Independente da resposta do outro, fecha os olhos, abre os braços e deixa-te boiar rumo ao mar.

Boa semana a todos.

sábado, 14 de agosto de 2010

Piada de Sábado: Alunos inteligentes ?

Professor: O que devo fazer para repartir 11 batatas por 7 pessoas?
Aluno: Purê de batata, senhor professor!
(faz sentido!)

Professor: Joaquim, diga o presente do indicativo do verbo caminhar.
Aluno: Eu caminho… tu caminhas… ele caminha…
Professor: Mais depressa!
Aluno: Nós corremos, vós correis, eles correm!
(e não é verdade?)

Professor: "Chovia" que tempo é?
Aluno: É tempo feio, horroroso, senhor professor.
(alguma dúvida?)

Professor: Quantos corações nós temos?
Aluno: Dois, senhor professor.
Professor: Dois?!
Aluno: Sim, o meu e o seu!
(a lógica explica; certinho!)

Dois alunos, muito amigos, chegam tarde à escola e justificam-se:
- O 1º Aluno diz: Acordei tarde, senhor professor!
Sonhei que fui à Polinésia e a viagem demorou muito.
- O 2º Aluno diz: E eu fui esperá-lo no aeroporto!
(fisicaquanticamente falando quem discute? está certo!)

Professor: Pode dizer o nome de cinco coisas que contenham leite?
Aluno: Sim, senhor professor. Um queijo e quatro vacas.
(me diga onde ele errou?)

Aluno de Direito fazendo um exame oral. A pergunta: O que é uma fraude?
Responde o aluno: É o que o Sr. Professor está fazendo.
O Professor (muito indignado): Ora essa, explique-se…
Diz o aluno: Segundo o Código Penal comete fraude todo aquele que se aproveita da ignorância do outro para o prejudicar!
(e então… na lógica…)

Professora: Maria, aponte no mapa onde fica a América do Norte.
Maria: Aqui está.
Professora: Correto. Agora turma, quem descobriu a América?
Turma: A Maria.
(uauuuuu!!!)

Professora: Bruno, que nome se dá a uma pessoa que continua a falar, mesmo quando os outros não estão interessados?
Bruno: Professora.
(essa doeu!)

Professora: Joãozinho, me diga sinceramente: você ora antes de cada refeição?
Joãozinho: Não professora; não preciso… A minha mãe é uma excelente cozinheira.
(sempre ele!)

Professora: Joãozinho, em que tempo verbal está seguinte frase: "Isto não era para ter acontecido"
Joãozinho: Preservativo imperfeito.
(de novo ele!)

Professora: Artur, tua redação "O Meu Cão" é exatamente igual à do teu irmão. Você copiou?
Artur: Não, professora. O cão é que é o mesmo.
(a melhor de todas!!!)

Sexta Feira Treze: Você sabia?

A fobia ao número 13 tem o nome de triskaidekaphofia e que a o medo específico da sexta-feira 13 é chamado de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia?


Sabia que segundo o Instituto da Fobia de Ashville, na Carolina do norte (EUA), se estima que 17 a 21 milhoes de americanos ficam em casa quando é sexta-feira 13, devido ao medo de lhe poder acontecer alguma coisa?


E que, segundo um recente estudo da maior seguradora britânica, existem mais registos de acidentes nas sextas-feiras 13? … com um acréscimo de 13%?!!!


Sabia que no Japão e nalguns países da Ásia, o número 13 não existe nos prédios?


E que o cantor Roberto Carlos sendo um homem muito supersticioso, simplesmente tira folga, não só nas sextas-feiras treze mas também em todos os dias 13 do ano, para evitar maus agouros?


Que no judaísmo o número 13 não indica o fim, mas sim a transformação, o renascimento?


E que nos Estados Unidos o número 13 é estimado porque eram 13 os estados que inicialmente constituíam a Federação norte americana?


E que para os místicos este dia está associado à evolução do ser, sendo um dos dias mais poderosos pois o número 13 somado é igual a 4, e este representa os quatro elementos: àgua, terra, fogo e ar?


Sabia que o cubano Fidel Castro, Stevie Wonder (cantor), Thomas Jefferson (presidente dos Estados Unidos), Gary Gasparov (campeão xadrez), L.Ron Hubbard (fundador da Cientologia) e Margaret Tatcher (Ex-primeira ministra da Inglaterra) nasceram numa sexta-feira 13?
Sabia, ainda, que apesar das pesadas críticas ao filme “Friday the 13th”, já que muitas pessoas lhe imputam a culpa de ser responsável por muitas mortes que ocorrem por torturas, consumo de drogas e sexo, o filme continua a ser um sucesso entre os jovens da atualidade?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bullying: Atos Violentos ou apenas brincadeiras de criança?

Até bem pouco tempo atrás o bullying era considerado inofensivo, ou melhor dizendo, era considerando apenas como "brincadeirinhas de criança", era um apelido aqui, uma briga ali e tudo era encarado assim: - "Ah! Deixa pra lá, criança briga mesmo", "é só uma fase, já passa", " xingo não dói" ou até aquela frase clássica, que é de conhecimento geral, "- Você está chorando?, Mas homem não chora", pois bem, atualmente estudos revelam que tais briguinhas infantis deixam marcas profundas, marcas psíquicas e que podem acarretar sérias conseqüências, tanto para as vítimas quanto para os agressores.

Sabe-se, hoje, que este tipo de comportamento, que antes era denominado como "coisas de crianças" e agora é chamado bullying, leva o aluno a enfrentar sérios problemas, desde uma queda na auto-estima, timidez, até casos mais trágicos, como o suicídio.

O termo bullying tem sua origem na língua inglesa e é usado para descrever atos de violência física ou psíquica, intencionais e repetidos praticados por um indivíduo (bully) ou por um grupo, objetivando intimidar, "diminuir" ou agredir outro indivíduo; geralmente não existe motivação aparente, contudo, ocorre dentro de relações desiguais de poder, na qual, um indivíduo "se acha" melhor do que o outro, ou seja, ele "pode mais".

A palavra bully, significa valentão e vem do inglês, Bull (touro) que ao pé da letra, quer dizer algo parecido com "bancando o touro" ou em português "bancando o valente".

Uma das características mais perversas do bullying é o fato de causar danos psicológicos intensos, em sua maioria começa com um apelido grosseiro, onde o agressor ressalta alguma característica física da vítima, do tipo: "quatro olhos", "rolha de poço", "vareta", etc., enfim basta ser diferente para se tornar o alvo do valentão da escola. Outras vezes ocorrem agressões físicas, que parecem não ter maiores implicações, como encontrões nos corredores, bolinhas de papel atiradas sempre no mesmo indivíduo ou até brigas mais sérias, onde a vítima não tem a possibilidade de defesa.

Em casa, o chamado "valentão" apresenta vários sinais de que anda praticando bullying na escola, tais como: volta sempre com ar de superioridade, se distancia ou não se adapta aos objetivos escolares, mostra-se irritadiço frente a qualquer situação, resolve seus problemas valendo-se da força física, é hostil e desafiante, porta objetos e dinheiro sem justificar sua origem...

Se você, mãe (pai) identificar tais comportamentos em seu filho, a princípio, mantenha a calma e a tranqüilidade, converse com seu ele e tente descobrir quais motivos geraram esse tipo de atitude, reflita sobre o modelo educativo que é oferecido ao seu filho, não bata ou aplique castigos severos, isso só trará mais raiva e ressentimentos, procure profissionais especializados, a fim de ajudá-lo a lidar com esse comportamento, incentive seu filho a mudar sua conduta e acima de tudo dê-lhe muita segurança e amor.

Por outro lado, seu filho (a) pode estar sendo vítima do bullying, fique atento aos sinais: apresentar mudanças de humor, estar sempre isolado, demonstrar temor ao ir à escola, ter problemas para dormir, apresentar comportamento agressivo em casa (ás vezes a vítima de bullying acaba descontando suas frustrações nos irmãos), etc.

Caso isso aconteça, mantenha um diálogo aberto, faça perguntas provocadoras, do tipo: "Como você se sente quando está na escola?," nunca minimize o problema ou diga que o que está acontecendo é só uma fase e " vai passar", dê conselhos consistentes, reforce a auto estima do seu filho, não haja sozinho, encontre outros pais, cujos, filhos sofrem com o mesmo problema, contate a escola e certifique-se de que seu filho estará seguro, encoraje-o a reagir, falando firme: 'Pare com isso. Não gostei", o mais importante nesse momento é lembrar a criança, de que todo e qualquer ato de constrangimento deve ser relatado a um adulto, assim o mesmo pode apoiar a vítima e enfraquecer o autor do bullying.

As escolas também devem se atentar para as atividades em parques e intervalos, orientando os profissionais da instituição (professores, supervisores, orientadores, merendeiras, faxineiras...) para que verifiquem se nenhuma criança está sendo excluída ou humilhada, caso isso ocorra, a direção deve chamar a atenção do aluno e imediatamente alertar os pais para que sejam tomadas as providências cabíveis, objetivando eliminar o bullying.

As instituições devem também prover jogos cooperativos, atividades de inclusão, proferir palestras sobre o assunto e sobre o trabalho em grupo, deve mostrar reportagens a respeito das conseqüências sofridas pelas vítimas ou agressores nas mais diversas situações.

Enfim, para tentar solucionar este problema é necessário uma ação conjunta – Família, Aluno, Escola e Comunidade, é com aquele velho ditado – "A união faz a força".

Por isso, é importante que os profissionais da educação e os pais se atentem para o menor sinal de bullying, assim teremos o pleno desenvolvimento dos nossos alunos e filhos.

Publicado em 5/04/2009 por Camila G. Meleke em http://www.webartigos.com
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/16361/1/Bullying---Atos-Violentos-ou-apenas-Brincadeiras-de-Crianca/pagina1.html#ixzz0wU6LpIYx

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fragmentos...

O esquecimento, freqüentemente, é uma graça. Muito mais difícil que lembrar é esquecer! Fala-se de “boa memória”. Não se fala de “bom esquecimento”, como se esquecimento fosse apenas memória fraca. Não é não.
Esquecimento é perdão, o alisamento do passado, igual ao que as ondas do mar fazem com a areia da praia durante a noite.
Rubem Alves.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Currículo e a Formação para um Mundo Globalizado e Plural

Quando nos tornamos nacionalistas, psicologicamente nos tornamos indivíduos em conflito com o resto do mundo.
Nos dias de hoje, o currículo deve se voltar para a formação de cidadãos críticos, comprometidos com a valorização da diversidade cultural, da cidadania e aptos a se inserirem num mundo global e plural.

A partir do século XX, o currículo passa a ser visto como uma construção, uma seleção da cultura que deve estar comprometida com a emancipação das classes oprimidas, com a ligação de conteúdos a experiências vividas por essas classes, de maneira a provocar uma conscientização de suas condições de vida e uma perspectiva de mudança destas.


O caráter excludente de algumas escolas e do currículo tradicionais, que reproduzem as desigualdades sociais, ao trabalhar com padrões culturais distantes das realidades dos alunos devem ser abolidos, pois além de "expulsar", via reprovação e evasão, os alunos que mais necessitam da escola para sua educação, não estão mais de acordo com as propostas da educação e realidade atuais.

Segundo Canen (2000, 2001, 2002, e 2003), Assis & Canen (2004), Canen e Moreira (2001), o currículo, na visão multicultural, deve trabalhar em prol da formação das identidades abertas à pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos em uma perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais , para a crítica às desigualdades sociais e culturais.

Um currículo multicultural pode trabalhar em todas as perspectivas. Pode apresentar fases folclóricas, em que mostre a influência de diferentes povos na formação da cultura (como, por exemplo, a influência dos árabes nas ciências, na matemática; a influência dos africanos na cultura brasileira e de outros povos), como também pode, em outros momentos, trabalhar com a perspectiva multicultural crítica de desafio a preconceitos, formação da cidadania e questionamentos acerca da desigualdade que atinge determinados grupos (por exemplo, pode-se na literatura trabalhar com textos em que,

Apesar de ressaltado seu valor literário, apareçam traços preconceituosos contra negros, mulheres, idosos, e assim por diante, contextualizando essas idéias, mostrando suas raízes históricas, enfatizando a sua influência acerca do autor e revelando modos de vê-las e enfrentá-las nos dias atuais).

No entanto, pode ainda em momentos diferentes,mostrar a diversidade dentro da diversidade. Nesse caso, por exemplo, pode questionar conceitos esteriotipados em notícias de jornal, que fazem referência a povos e grupos de maneira homogeneizadora.

Dessa forma, as demandas por um currículo multicultural, na época contemporânea de pluralidade cultural, de conflitos, de ataques terroristas de exasperação dos preconceitos e das diferenças, de desafios éticos na formação da juventude, tem sido enfatizada na literatura acerca do currículo, nacional e internacional.

Cássia Ravena Mulin de Assis Medel
Professora e Orientadora Pedagógica do CIEP 277 João Nicoláo Filho "Janjão" e da E.M. Prof. Ewandro do Valle Moreira, localizadas no município de Cantagalo-RJ.

Pesquisa inédita no Brasil: Baixo grau de instrução dos pais interfere no desempenho escolar dos filhos

“Nossos filhos se espelham em nós. Como querer que um filho leia, se os pais não lerem?", Marco Antônio Arruda, coordenador da pesquisa

No Brasil, quase 15 milhões de pessoas com mais de 15 anos são analfabetas. Esta realidade interfere diretamente no desempenho escolar de crianças e adolescentes, segundo levantamento apresentado nesta sexta-feira pelo Projeto Atenção Brasil, que, pela primeira vez, analisou o comportamento e a saúde mental da população infanto-juvenil brasileira.

De acordo com a pesquisa, filhos de pais analfabetos ou que não terminaram o ensino fundamental têm uma chance até 480% maior de ter baixo desempenho escolar quando comparados a filhos de pais com curso superior completo. Segundo os pesquisadores, a explicação para a essa influência está no estímulo que as crianças recebem dentro de casa.

“Nossos filhos se espelham em nós. Como querer que um filho leia, se os pais não lerem? O cérebro da criança é uma cidade com ruas e avenidas abertas, se não são utilizadas, estimuladas, essas vias se fecham, e se fecham para sempre”, explica Marco Antonio Arruda, neurologista da infância e adolescência e coordenador do Projeto Atenção Brasil. “Sem estímulo para a cultura e o saber, nossos filhos terão mais dificuldade para desenvolver o senso do belo”.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o índice de analfabetismo quando consideramos os analfabetos funcionais – aqueles com apenas quatro anos de estudos completos – sobe para 23,5%. Em relação ao entrevistados pelo Projeto Atenção Brasil, 20,1% dos chefes de família são analfabetos ou não terminaram o curso primário, 20,5% têm o curso primário completo ou o ginasial incompleto, 18,3% o ginásio completo ou o colegial incompleto, 31,3% o colegial completo ou o curso superior incompleto e apenas 9,7% o curso superior completo.

Mauro de Almeida, neurologista e pesquisador, analisa a influência dos pais na educação dos filhos: “A cultura é um fator fundamental para a saúde mental e a cultura e a educação estão intimamente ligadas. Pessoas com problemas culturais – agravados pela problemática econômica e social – tendem a ter uma família que reflete essas mesmas características”, opina o médico.

Para evitar que o baixo grau de instrução dos pais interfira diretamente na educação dos filhos, os médicos recomendam o estímulo contínuo à educação. “Os pais podem até ter pouco estudo, mas bem orientados eles podem fazer com que os filhos entendam a importância da escola”, acredita Almeida.

O Projeto Atenção Brasil foi desenvolvido pelo Instituto Glia, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, com a colaboração de pesquisadores da Universidade La Sapienza (Roma) e do Albert Einstein College of Medicine (EUA). Os pesquisadores entrevistaram pais e professores de 9.149 crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos frequentando classes regulares do 1º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio em escolas particulares e públicas, de zona urbana e rural das cinco regiões do país. A partir dos resultados, foram identificados fatores de risco para a saúde mental e o desempenho escolar dessa parcela da população.

A amostra final da pesquisa foi de 5.961 crianças e adolescentes, pois foram considerados apenas os questionários completos, respondidos por pais e professores. O resultado da pesquisa será apresentado no III Congresso Aprender Criança, que acontece entre os dias 6 e 8 de agosto, em Ribeirão Preto (SP).

Fatores de risco – Além do capacidade de grau de escolaridade dos pais, o Projeto Atenção Brasil identificou outros fatores de risco que contribuem para o baixo desempenho escolas de crianças e adolescentes. Comparando-se meninos e meninas, eles têm 67% mais chances de obter notas baixas na escola que elas. Já entre crianças e adolescentes, os mais velhos apresentam 57% mais chances de obter mal desempenho que os mais novos. O uso de tabaco (74%) e álcool (47%) durante a gestação da criança também atrapalham na hora de garantir um bom desempenho na escola.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Várias maneiras de se dar uma notícia

Se história da Chapeuzinho Vermelho fosse verdade, como ela seria contada na imprensa do Brasil?
Veja as diferentes maneiras de contar a mesma história.

Jornal Nacional
(William Bonner): ‘Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem…’
(Fátima Bernardes): ‘…mas a atuação de um lenhador evitou a tragédia.’

Programa da Hebe
‘…que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?’

Cidade Alerta
(Datena): ‘…onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!

Superpop
(Luciana Gimenez): ‘Geeente! Eu tô aqui com a ex-mulher do lenhador e ela diz que ele é alcoólatra, agressivo e que não paga pensão aos filhos há mais de um ano. Abafa o caso!’

Globo Repórter
(Chamada do programa): ‘Tara? Fetiche? Violência? O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente? O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com amigos e parentes do Lobo, em busca da resposta. E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das vítimas, que silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter.’

Discovery Channel
Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.

Revista Veja

Lula sabia das intenções do Lobo.

Revista Cláudia
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.

Revista Nova
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama!

Revista Isto É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

Revista Playboy
(Ensaio fotográfico do mês seguinte): ‘ Veja o que só o lobo viu’.

Revista Vip
As 100 mais sexies - desvendamos a adolescente mais gostosa do Brasil!

Revista G Magazine
(Ensaio com o lenhador) ‘O lenhador mostra o machado’.

Revista Caras
(Ensaio fotográfico com a Chapeuzinho na semana seguinte): Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: ‘Até ser devorada, eu não dava valor pra muitas coisas na vida. Hoje, sou outra pessoa.’

Revista Superinteressante
Lobo Mau: mito ou verdade?

Revista Tititi
Lenhador e Chapeuzinho flagrados em clima romântico em jantar no Rio.

Folha de São Paulo
Legenda da foto: ‘Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador’. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

O Estado de São Paulo
Lobo que devorou menina seria filiado ao PT.

O Globo
Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente.

O Dia
Lenhador desempregado tem dia de herói

Extra
Promoção do mês: junte 20 selos mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho!

Meia hora
Lenhador passou o rodo e mandou lobo pedófilo pro saco!

O Povo
Sangue e tragédia na casa da vovó.

domingo, 8 de agosto de 2010

Extremos, médias e padrões

Por Marcus Vinicius de Azevedo Braga *

“Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas."
Paracelso

Quando eu era militar, cursando a Escola Naval nos idos dos anos 90, face a inadimplência de alguns alunos em arrumar a suas camas, atividade extremamente valorizada na formação da caserna, foi estabelecido pelo comando uma verificação das camas em todas as manhãs das sextas-feiras. Após uma inspeção por um comitê de oficiais, a melhor cama, ou seja, a mais bem arrumada, seu dono seria brindado com a saída um dia da semana mais cedo. Já a pior, esta o seu dono só iria embora no sábado de manhã, perdendo a diversão e o convívio com a família na sua sexta a noite. Considerando-se que era um internato onde ficávamos de segunda a sexta, esse céu e inferno das camas constituía uma odiosa punição e uma adorável recompensa para aqueles jovens militares.

Esse método de avaliação da proficiência, digamos assim, na arte de “arrumar as camas”, era medida por uma avaliação focada nos extremos, premiando o melhor e punindo o pior, em um sistema referencial, onde sempre haveria um pior e um melhor, invariavelmente. Com a publicação recente dos resultados do ENEM e o IDEB aferido, a imprensa leiga educacionalmente prendeu-se rapidamente em valorizar a criação de rankings desses dados, exaltando as indicações dos extremos, em diversas reportagens mostrando as melhores e as piores escolas e municípios, o que serviu de munição mercadológica e até eleitoral para uns.

A avaliação do sistema educacional visa, precipuamente, medir para diagnosticar e indicar, assim, os pontos que demandam melhoria, norteando a política educacional. Essa visão da avaliação, como ferramenta de auxílio a condução da política, difere dessa visão do senso comum de uma “avaliação pelos extremos”, buscando na linha imaginária da média identificar os que estão abaixo ou acima desta. Essa visão induz a uma situação esdrúxula, pois sempre existirá alguns abaixo da média e um outro grupo acima, identificando essa visão apenas quem está bem ou mal posicionado, classificando mais do que diagnosticando.

Quando buscamos estabelecer um padrão e no processo de avaliação medimos que está acima ou abaixo desse padrão, aí sim temos um referencial que permite indicar como a política tem se comportado em relação ao que se espera, nos permitindo traçar metas e estratégias. Não nos limitamos apenas a identificar os atores frágeis e de sucesso e sim a rever, nas faixas indicadas em relação ao padrão, o que realmente nos cabe fazer. Isso nos permitirá em relação a outra época comparar como anda a educação e ainda, em relação a meta futura. Essa tem sido a visão dessas avaliações globais do sistema educacional nacional, ainda que na busca do evento singular e curioso, se busque realçar os extremos.

De que me adianta saber, como condutor da política e como cidadão, que a escola “X” foi a menor média do país ou da região e que a “Y” foi a melhor. Tirarei então meu filho da escola “X” e colocarei na escola “Y”. Como cliente do sistema educacional, identifiquei quem serve e quem não serve? Não parece serem os dados coletados o suficiente para depreender essas conclusões. Seria simplificar demais essa questão! Para a política educacional não interessa saber quem foi a pior “cama arrumada” ou a “melhor cama arrumada”, parafraseando nosso exemplo inicial. Interessa saber como tem andado a qualidade das camas de todos os alunos. Quais as questões envolvidas nas arrumações em relação a um padrão estabelecido.

Em um dizer estatístico, a distribuição da ocorrência de desempenhos em uma avaliação dessa magnitude tende a seguir a distribuição normal, a famosa curva em forma de sino e simétrica em relação a média, estudada pelo matemático Gauss.

Assim, o desempenho das escolas, municípios e alunos avaliados tende a se concentrar em uma média, com uma pequena participação nos extremos inferiores e superiores. Comentários e aprofundamentos exclusivamente nesses extremos não indicam muito do quadro geral .Do jeito que estão postos os mecanismos de avaliação existentes hoje , é possível, dentro de um contexto, extrair inferências mais significativas que são excelentes instrumentos para balizar a condução da política. Para alguns veículos da imprensa, na abordagem da questão, cabe enxergar de outra forma, para além dos extremos, esquecendo a avaliação individualizada e olhando a “floresta do alto”.

Fugir disso é alimentar a comparação inócua e destrutiva, criando anjos e demônios na identificação de piores e melhores, comparando ainda cebolas com batatas, esquecendo-se que se trata de uma avaliação social, com elementos complexos envolvidos. Apesar dessas limitações, a avaliação constitui uma ferramenta fundamental para a condução da política e para a derrocada de mitos. Basta cuidado para que não crie outros mitos..

* Pedagogo e mestrando em Educação (UnB)

Homenagem aos Pais.

A Cerca


Era uma vez um menino com temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de pregos, dizendo-lhe que cada vez que ele ficasse furioso (bravo) pregasse um prego na cerca do fundo da casa.

No primeiro dia o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente ele foi se acalmando. Descobriu que era mais fácil "segurar" seu temperamento do que pregar os pregos na cerca.

Finalmente chegou o dia em que o garoto não se enfureceu nenhuma vez. Contou ao pai o que havia sucedido e pai sugeriu-lhe que, de agora em diante por cada dia que conseguisse segurar seu temperamento retirasse um dos 37 pregos.

Passou-se o tempo e o garoto finalmente pode dizer ao pai que tinha retirado todos os pregos.

O pai tomou o filho pela mão e levou-o até a cerca dizendo-lhe:

- Você fez muito bem meu filho, mas a cerca nunca mais será a mesma. Quando você diz coisas quando está furioso, elas deixam uma cicatriz assim como as marcas da cerca. Você pode fincar e retirar uma faca em um homem. Não importa quantas vezes você possa dizer; "desculpe", a ferida mesmo assim permanecerá. Uma ferida verbal é tão ruim quanto uma ferida física. Amigos são uma jóia muito rara. Eles fazem você sorrir e estimulam você a ter sucesso. Eles emprestam um ouvido amigo, repartem uma palavra de elogio, eles querem sempre abrir seus corações para nós."
Desconhecido

sábado, 7 de agosto de 2010

Piada de Sábado: Receita de um casamento feliz.

Um casal foi entrevistado num programa de televisão, porque estavam casados há 50 anos e nunca tinham brigado.
O repórter todo curioso pergunta a mulher:
- Mas vocês nunca brigaram mesmo?
- Nunca, responde a mulher.
- E como isso aconteceu?
- Bem, quando casamos o meu marido tinha uma égua de estimação.
- Era a criatura que ele mais amava na vida. No dia do nosso casamento fomos
de lua-de-mel na nossa carroça puxada pela égua. Andamos alguns metros e
a égua, coitada, tropeçou. Meu marido olhou bem firme para a égua e disse:
- Um.
- Mais alguns metros e a égua tropeçou de novo.
- Meu marido encarou a égua e disse:
-Dois.
- Na terceira vez que ela tropeçou ele sacou da espingarda e deu uns cinco
tiros na bichinha. Eu fiquei apavorada e perguntei:
- Mas porque é que tu fizeste uma coisa dessas homem?
- Meu marido me encarou e disse:
- Um.
- Depois disso nunca mais brigamos.

Reprovação nas escolas é o melhor caminho?

Alunos que ficam para trás carregam essa marca e amargam um pior desempenho.

Alan Alves foi reprovado na segunda série do ensino fundamental. Desestimulado, ainda prosseguiu até o oitavo ano, quando repetiu novamente e decidiu abandonar os estudos. Atualmente, aos 22 anos, está de volta aos bancos da escola para concluir o supletivo, pressionado pelas exigências do mercado de trabalho. “Sem completar os estudos, fica difícil encontrar emprego”, conta. No Brasil, quase um em cada dez estudantes levou "bomba" em 2008. De acordo com dados do último Censo Escolar realizado pelo Ministério da Educação (MEC), 11,8% dos alunos do ensino fundamental das redes pública e privada passaram pela experiência e tiveram de passar 2009 revisando o que deveriam ter aprendido antes.

Fazer com que o aluno seja obrigado a rever todo o conteúdo de um ano escolar - ou seja, a reprovação - pode não ser a melhor opção para enfrentar o problema de estudantes com desempenho fraco. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG). O estudo, coordenado por Luciana Soares Luz, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), comparou os níveis de aprendizado de mais de 5.000 estudantes dos dois anos finais do ensino fundamental em seis estados brasileiros – Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.

A principal conclusão é que, a longo prazo, os alunos aprovados aprendem mais do que aqueles que foram reprovados. Em outras palavras, refazer um ano escolar não é garantia de aprendizado adequado. “E não estamos falando de um aluno que progrediu porque era melhor e outro que foi reprovado porque tinha nota piores. Mas, sim, de dois alunos cujos desempenhos eram semelhantes”, afirma a pesquisadora.

A especialista tem na ponta da língua uma explicação para o fenômeno. Segundo ela, os alunos aprovados evoluem mais porque, ao ascender na carreira escolar, encontram conteúdos novos, mais desafiadores e adequados à sua idade. Por outro lado, para os reprovados, rever assuntos já conhecidos tem efeito contrário. Patrícia Cursino, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que a autoestima pesa quando o assunto é reprovação. “Quando isso acontece, o estudante sente que não atingiu o objetivo”, afirma.

A maioria das escolas brasileiras ainda opta pela reprovação. Elenice Lobo, do Colégio Santo Américo, em São Paulo, acredita no modelo. “As consequências negativas da retenção não dão conta da realidade. Se o aluno é retido, ele tem defasagem de conteúdo. Apesar do desconforto nos primeiros dias de aula, ao longo do ano ele resgata aquilo que lhe faltava e tem um desempenho acadêmico melhor”, afirma. Para minimizar os efeitos colaterais, a escola investe na integração do reprovado com a nova classe, além de esclarecer dúvidas com pais e pedir esforço redobrado ao professor. “Para exercer efeito positivo, a reprovação precisar ser bem aplicada”, diz Silvana Leporace, do Colégio Dante Alighieri. “Muitas vezes, é um fator que leva o aluno a recomeçar um processo pedagógico muito positivo.”

Pedro Henrique Rodrigues, de 19 anos, concorda. Ele foi reprovado pela primeira vez na sétima série. Mais tarde, experimentou mais duas retenções no primeiro ano do ensino médio. Não desanimou. Hoje, admite que, à época, não tinha condições de seguir em frente nos estudos. “Vejo que não tinha maturidade para avançar na escola. Mas, após as reprovações, encarei a situação como uma segunda chance”, conta.

Progressão continuada – A discussão sobre eventuais efeitos da reprovação na vida dos estudantes é um tópico antigo na área da pedagogia brasileira. O estudo mineiro vem reanimá-lo. Para aqueles que defendem o fim do mecanismo, uma das alternativas é o que ficou conhecido como progressão continuada. A prática trocou a tradicional aprovação/reprovação anual por ciclos de aprendizagem, que avaliam o estudante, mas não o reprovam - concentrando-se em acompanhar o desenvolvimento de cada aluno para sanar suas dificuldades. O modelo foi adotado há 14 anos no estado de São Paulo e desde então se expandiu a outras unidades da federação.

Formulada a partir de políticas e da realidade europeia, a progressão continuada previa uma avaliação dos estudantes ao fim dos ciclos. Em países como a Inglaterra, onde obteve bons resultados, os clicos têm duração de apenas dois anos - e não quatro, como no Brasil. Naquele período, os alunos dividem a sala de aula com no máximo 30 colegas - algo incomum nas escola públicas do Brasil. Com um grupo reduzido, o professor pode dar atenção a cada aluno.

A política tem se mostrado eficaz. Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2007 mostra que países que baniram a repetência – como Noruega e Suécia – se encontram em situação melhor nos rankings internacionais de educação do que aqueles que a permitem. O relatório, porém, demonstra que outras nações que não adotaram a progressão continuada – caso da Bélgica – também colheram bons desempenhos nas avaliações.

No Brasil, a adoção do modelo ainda é controversa - e seus frutos, discutíveis. No último índice de educação feito pela Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação e a cultura, o país ocupou apenas a 88ª posição entre 128 nações. Por sua vez, dados do Sistema Nacional da Avaliação da Educação Básica (Saeb) relativos ao período 1995-2005, quando a aprovação automática ganhou força, mostram que a qualidade do ensino piorou. Em 1995, a média de proficiência em língua portuguesa dos alunos da quarta série do ensino fundamental era de 188,3 pontos. Em 2005, caiu para 172,3 pontos. Na terceira série do ensino médio os números são mais alarmantes: 290 pontos, em 1995, ante 257,6 pontos.

Mesmo entre os especialistas que apoiam a aprovação automática, a medida é vista com ressalvas. “Aprovar automaticamente é melhor que reprovar”, acredita Stella Maris Bordoni, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. “A repetência resulta em um grade desperdício de recursos e, o que é pior, alimenta estatísticas alarmantes de evasão”, defende. “Mas essa política precisa ser acompanhada de um cuidado maior com a evolução do trabalho de cada aluno.”

Esse acompanhamento ainda não é visto nas escolas brasileiras que adotam o sistema de aprovação automática, lembra Fernando Becker, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um crítico do método nos moldes em que é aplicado atualmente. "Ouço relatos de professores de quinta série do ensino fundamental que lidam com crianças analfabetas, que não teriam condições de progredir nem para a segunda série", conta. "Esse sistema está dirigido para uma conjuntura político-eleitoreira e não para a lógica da demanda educacional. É interessante para um governo ter um sistema que não alimenta altos índices de reprovação e evasão escolar", acrescenta. "Inventou-se a aprovação automática para escamotear outros problemas".

Neide Bittencourt, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sintetiza: "Muitos educadores afirmam que a reprovação traumatiza o aluno. No entanto, deixar que a criança chegue à quarta série do ensino fundamental sem saber ler e escrever é muito mais traumático. Incluir apenas por incluir é uma forma de exclusão", acredita. "A reprovação não vem no intuito de penalizar, mas, sim, fazer com que o aluno aprenda".
Revista Veja - 21/07/2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu não acredito em educação...

Não nessa educação que vemos todo dia na televisão.

Uma educação onde o professor é sempre o carrasco, onde ele sempre é o bandido, o que humilha, que maltrata, que desdenha...

Não acredito nessa educação de teoria, onde uns poucos sentam-se em frente ao notebook e escrevem best sellers sobre os problemas dos alunos, as variadas deficiências e suas consequências, a maneira correta de trabalhar com este ou aquele aluno.

Não acredito na educação apregoada pelo sistema, que dá notas as escolas, sem conhecer a realidade em que as mesmas estão inseridas,

nessa educação que não valoriza o professor e o faz ter jornadas duplas, triplas, quádruplas.

Não acredito em educação de relato de novela, onde o portador de deficiência sempre tem que brigar na justiça pra ser aceito, pra conseguir ser incluído, onde o professor causou traumas irreparáveis em seu aluno.

Não acredito na educação que desvia milhões e milhões que deveriam ser revertidos para a construção de escolas, quadras, aquisição de materiais pedagógicos e tecnológicos...

Não acredito e nem posso acreditar na educação que não acredita nos professores!

Eu acredito sim, na educação praticada no dia a dia, onde tantos professores querem e fazem a diferença: Falam mal dos professores, acusam-no de agressivo? Levantamos a bandeira da paz.

Minha escola não obteve a nota desejada pelo sistema? Mas eu sei que meus alunos estão aprendendo e isso se deve muito ao meu esforço.

Saiu um livro novo sobre essa ou aquela nova metodologia? Já que comprar eu não posso, quem sabe eu consiga ler alguns trechos na net ( mesmo que depois da meia noite) e descubra que a dica é aquela mesma que eu já usava na prática.

Só ouvimos relatos que nos colocam na berlinda, nenhunzinho que enaltece nosso trabalho de inclusão ( mesmo que sem preparação nenhuma) ? Tem problema não, toda vez que eles chegam as nossas escolas, somos nós mesmos que temos que acolhê-los e sem ninguém pra nos filmar...

Temos que trabalhar sem material pedagógico ou com pouquíssimo arsenal tecnológico? E a minha inventividade, serve pra quê?

Só acredito nessa educação.

A do dia a dia.

Aquela que é feita por quem arregaça as mangas todo dia, encara de frente os fatos e não tem medo de tentar de novo e mais uma vez.

Acredito.

Só não sei até quando essa minha crença vai durar...

Wanda Campos

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

OS NINGUÉNS

As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte , por mais que os ninguéns a chamem, ou mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.

Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:

Que não são embora sejam.

Que não falam idiomas, falam dialetos.

Que não praticam religiões, praticam supertições.

Que não fazem arte, fazem artesanato.

Que não são seres humanos, são recursos humanos.

Que não tem cultura, têm folclore.

Que não têm cara, têm braços.

Que não têm nome, têm número.

Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.

Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

Eduardo Galeano - Livro dos Abraços

O Poder da Validação

"Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem"

Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os superconfiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça já tenha sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator relaxa e parte tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada artigo que escrevo e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.

Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros. Trabalharíamos menos, curtiríamos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir essa insegurança?

Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Está totalmente fora de nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.

Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.

Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos, não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.

Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém.

Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a própria insegurança que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo" que esquecemos de dizer a nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.

Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se ou dominar os outros em busca de poder.

Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".

Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja.

Stephen Kanitz é administrador

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Salto no escuro: sob os dogmas do construtivismo.

Mais de 60% das escolas públicas e particulares no Brasil se identificam como adeptas do construtivismo. Sendo assim, parece óbvio que seis de cada dez crianças brasileiras estão sendo educadas com base em uma doutrina didática cuja natureza, objetivos e lógica devem ser de amplo conhecimento de diretores, professores e pais. Correto? Errado. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) desvenda um cenário obscuro. Em plena era da internet, os conceitos do construtivismo parecem ter chegado ao Brasil via as ondas curtas de 49 metros de propagação troposférica, com suas falhas e chiados. Ninguém sabe ao certo como o construtivismo funciona, muito menos saberia listar as razões pelas quais ele foi adotado ou deve ser defendido. Ele é definido erradamente como um "método de ensino". O construtivismo não é um método. É uma teoria sobre o aprendizado infantil posta de pé nos anos 20 do século passado pelo psicólogo suíço Jean Piaget. A teoria do suíço deu credibilidade à concepção segundo a qual a construção do conhecimento pelas crianças é um processo diretamente relacionado à sua experiência no mundo real. Ponto. A aplicação prática feita nas escolas brasileiras tem apenas o mesmo nome da teoria de Piaget. O construtivismo tornou-se uma interpretação livre de um conceito originalmente racional e coerente. Ele adquiriu várias facetas no Brasil. Unifica-as o primado da realidade da criança sobre os conceitos básicos das disciplinas tradicionais. Traduzindo e caricaturando: como não faz frio suficiente na Amazônia para congelar os rios, um aluno daquela região pode jamais aprender os mecanismos físicos que produzem esse estado da água apenas por ele não fazer parte de sua realidade. Isso está mais longe de Piaget do que Madonna da castidade.

A experiência mostra que as interpretações livres do construtivismo podem ser desastrosas – especialmente quando a escola adota suas versões mais radicais. Nelas, as metas de aprendizado são simplesmente abolidas. O doutor em educação João Batista Oliveira explica: "O construtivismo pode se tornar sinônimo de ausência de parâmetros para a educação, deixando o professor sem norte e o aluno à mercê de suas próprias conjecturas". Por preguiça ou desconhecimento, essas abordagens radicais da teoria de Piaget são a negação de tudo o que trouxe a humanidade ao atual estágio de desenvolvimento tecnológico, científico e médico. Sua ampla aceitação no passado teria impedido a maioria das descobertas científicas, como a assepsia, a anestesia, as grandes cirurgias ou o voo do mais pesado que o ar. Sir Isaac Newton (1643-1727), que escreveu as equações das leis naturais, dizia que suas conquistas só haviam sido possíveis porque ele enxergava o mundo "do ombro dos gigantes" que o precederam. O conhecimento que nos trouxe até aqui é cumulativo, meritocrático, metódico, organizado em currículos que fornecem um mapa e um plano de voo para o jovem aprendiz. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel.

Em um país como o Brasil, onde as carências educacionais são agudas, em especial a má formação dos professores, a existência de um método rigoroso, de uma liturgia de ensino na sala de aula, é quase obrigatória. A origem latina da palavra professor deveria ser um guia para todo o processo de aprendizado. O professor é alguém que professa, proclama, atesta e transmite o conhecimento adquirido por ele em uma arte ou ciência. Nada mais longe da realidade brasileira, em que menos da metade dos professores é formada nas disciplinas que ensina. À luz das versões tropicais do construtivismo, essa deficiência é até uma vantagem, pois, afinal, cabe aos próprios alunos definir com base em sua realidade o que querem aprender. É claro que um modelo assim já seria difícil funcionar em uma sala de aula ideal, com um mestre iluminado cercado de poucos e brilhantes pupilos. Nas salas de aula da realidade brasileira, é impossível que essa abordagem leniente dê certo. Adverte o doutor em psicologia Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo (USP): "As aulas construtivistas frequentemente caem no vazio e privam o aluno de conteúdos relevantes".

Um conjunto de pesquisas internacionais chama atenção para o fato de que, em certas disciplinas do ensino básico, o construtivismo pode ser ainda mais danoso – especialmente na fase de alfabetização. Enquanto na pedagogia tradicional (a do bê-á-bá) as crianças são apresentadas às letras do alfabeto e aos seus sons, depois vão formando sílabas até chegar às palavras, os construtivistas suprimem os fonemas e já mostram ao aluno a palavra pronta, sempre associada a uma imagem (veja o quadro). A ideia é que, ao ser exposto repetidamente àquela grafia que se refere a um objeto conhecido, ele acabe por assimilá-la, como que por osmose. De acordo com a mais completa compilação de estudos já feita sobre o tema, consolidada pelo departamento de educação americano, os estudantes submetidos a esse método de alfabetização têm se saído pior do que os que são ensinados pelo sistema tradicional. Foi com base em tal constatação que a Inglaterra, a França e os Estados Unidos abandonaram de vez o construtivismo nessa etapa. O departamento de educação americano também o contraindicou para o ensino da matemática – isso depois de uma sucessão de maus indicadores na sala de aula.

O construtivismo ganhou força na pedagogia durante a década de 70, época em que textos de Piaget e de alguns de seus seguidores, como o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934), vários dos quais traduzidos para o inglês, foram descobertos nas universidades americanas. Foi a partir daí que a corrente se disseminou por escolas dos Estados Unidos e da Europa. No Brasil, virou moda. Uma década mais tarde, porém, tal corrente começaria a ser gradativamente abandonada nos países que a adotaram pioneiramente. Os responsáveis pelo sistema educacional daqueles países chegaram a uma mesma conclusão: a de que a adoção de uma filosofia que não se traduzia em um método claro de ensino deixava os professores perdidos, deteriorando o desempenho dos alunos. Hoje, são poucos os países ainda entusiastas do construtivismo. Entre eles estão todos os de pior desempenho nas avaliações internacionais de educação. Com seis de cada dez crianças brasileiras entregues a escolas que se dizem adeptas do construtivismo, é de exigir que diretores, professores, pais e autoridades de educação entendam como se atolaram nesse pântano e tenham um plano de como sair dele.

Revista Veja, maio de 2010.